Pois bem, depois de um longo período tentando postar (talvez por problemas no próprio blog), fica provado que a persistencia é também uma nobre virtude...
Então, partindo para o que relamente interessa por aqui, estava lendo essa semana alguns artigos numa revista de arquitetura que assino e fiquei de certa forma triste. Na verdade não é de hoje que isso vem me incomodando. Lemos muito hoje sobre as escolas paulistas e cariocas, sobre a recente produção arquitetonica de Minas Gerais e fico cá a pensar... onde estão os arquitetos baianos? mais ainda onde está o restante deste imenso Brasil de tanta diversidade de culturas, de formas de ver e viver a vida... isso tudo me inquieta profundamente. E não só isso, basta vermos os resultados dos concursos de arquitetura, sejam na modalidade profissional, estudante, etc., os ganhadores sempre são das mesmas escolas, dos mesmos lugares, e me atrevo a dizer, algumas vezes com as mesmas soluções. Quando vou olhar na porcentagem de participações por região, sempre me decepciono, pois o quadro é sempre o mesmo.
Que fique claro, não quero contestar a produção destas três capitais, se eles estão em destaque no cenário atual, é porque eles buscaram e realmente merecem esta posição. Minha indignação é com nós mesmos, e o que me pertuba, na verdade nem diria assim, mas que me deixa a pensar é onde está a produção? será que não existe? será que não vale a pena ser vista e divulgada? e se realmente não vale a pena, o que estamos fazendo da nossa profissão? estamos nos contentando em sermos apenas decoradores de apartamentos para as classes sociais mais abonadas, mais endinheiradas e com capacidade de pagar melhores honorários?
Também não quero ser radical, muito menos desmerecer este tipo de atividade, a qual muitos dos meus colegas de profissão se dedicam, é um caminho tão digno quanto... porém, o que me aflige é que, assim acho eu, estamos deixando a grande oportunidade que nos foi dada de interferir de maneira positiva no espaço onde vivemos, mais do que isso, estamos abrindo mão de nossa capacidade de expressão, de pensar e de propor novas alternativas.
Fico a pensar sobre a atual produção da Bahia (falo muito específicamente sobre ela porque é onde vivo, me graduei, trabalho e tenho observado as constantes mudanças em seu cenário urbanístico). Não precisa ir muito longe não, é só olhar em volta e percebermos que não há uma discussão, não há uma produção de qualidade, que não há uma preocupação em perceber no que estamos transformando essa cidade. Viramos reféns do mercado imobiliário e dos seus ditâmes do menor custo necessário para o maior lucro possível. Não existe mais uma postura crítica com relação a cidade, a não-arquitetura que é feita na cidade e no que ela está virando. Isso me deixa muito frustrada... frustrada porque eu sei que é possivel ser diferente, é possivel fazer diferente, mas infelizmente estamos caminhando na direção contrária... e até quando vamos continuar coniventes com tudo isso? Não sei... espero que antes dos problemas se tornatem irreversíveis.